Mapeando Seu Trabalho de UX Com o Double Diamond

O Double Diamond é uma metodologia de design thinking que pode ser muito útil no seu processo de trabalho de UX

Catarina Gomes
5 min readSep 4, 2020
Uma mesa de trabalho vista de cima, com vários notebooks, agendas, celulares e outras ferramentas de trabalho
Foto por Marvin Meyer via Unsplash.

Como desenvolvedora, ao decidir que iria me especializar em UX, acabei encontrando, no universo da usabilidade e do design thinking, diversos termos que ainda me eram desconhecidos. Um desses termos, que esbarrei com frequência ao estudar cases de portfólio de UX, foi o Double Diamond, ou, em bom português, o Duplo Diamante. Mas… o que seria isso?

O Double Diamond é uma metodologia de design thinking, que mapeia o processo do seu trabalho. Esse tipo de metodologia e, até mesmo, o formato de diamante proposto para ela, já eram comumente utilizados por designers, mas começou a ser reformulada em 2003, por uma equipe de design e inovação do Design Council.

Essa equipe tinha interesse em definir um processo universal, que pudesse ser aplicado em qualquer situação, para resolver qualquer problema. Em 2004, com as etapas do processo e a sua nomenclatura definidos, a metodologia começou a ser divulgada, apresentada e utilizada. Você pode ler mais detalhes sobre a história da criação do Double Diamond clicando aqui (texto disponível apenas em inglês).

“O time trabalhou tentando definir design, processo, métodos, etc. O que nós fizemos com o Duplo Diamante foi codificá-lo, renomear as etapas e popularizá-lo. Foi um trabalho importante, mas nós certamente estávamos sobre os ombros de gigantes.” — Richard Eisermann, que, na ocasião, era diretor de Design e Inovação do Design Council

Certo, mas como essa metodologia pode me ajudar a desenvolver uma solução em UX?

Primeiramente, vamos analisar a estrutura do Double Diamond:

Estrutura de desenho do double diamond
Framework disponibilizado para download pelo Design Council neste link.

Preste atenção nas setas azuis que estão presentes na imagem, ainda falarei sobre elas.

Challenge (desafio)

A primeira coisa que encontramos no nosso processo de trabalho, é o desafio. Somos expostos a algum problema com o qual, muitas vezes, nunca tivemos contato antes e precisamos resolver esse problema da melhor forma possível. As etapas seguintes fazem parte do processo de busca para a solução ideal desse desafio.

Discover (descobrir)

A partir daqui, não é por acaso que o desenho do primeiro diamante começa a divergir. Esse é o momento que você precisa explorar ao máximo o cenário do seu desafio. Busque conhecimento sobre o contexto e a origem do seu problema, observe cenários, elabore pesquisas para conhecer as dificuldades do usuário, entenda o motivo desse problema precisar de uma solução e, até mesmo, se existem outros problemas atrelados a ele. É importante não se prender ao Briefing de negócio entregue pelo cliente. É claro que o pedido do seu cliente precisa ser respeitado, mas a visão que ele possui do problema não é universal.

Define (definir)

Diante de muitas pesquisas sobre um novo universo a ser descoberto, é normal que você se depare com inúmeros problemas ainda sem solução. A etapa de definição é importante porque não é viável resolver, em um único projeto, todos os problemas que estão ligados àquele cenário. Comece a convergir as suas ideias, priorizando o que deve ser resolvido. Essa priorização deve ser baseada no que é mais relevante para gerar retorno para a empresa e para o usuário.

Develop (desenvolvimento)

Agora, o seu problema não é mais abstrato. Você já pesquisou o suficiente pra entender qual é a principal dor do usuário e o que pode gerar mais valor para a empresa. Então esse é o momento que você pode começar a desenvolver suas ideias de solução. Não se esqueça da importância de estar sempre buscando informações sobre a viabilidade técnica das possíveis soluções. Não adianta insistir em soluções utópicas, que não poderão ser construídas. Aqui, o segundo diamante começa a, novamente, divergir, porque é normal que comecem a surgir ideias variadas para resolver o mesmo problema.

Deliever (entrega)

Calma, essa ainda não é a entrega do seu projeto. Afinal, você está cheio de boas ideias. Qual delas é a melhor? É o que você irá descobrir testando. Comece a criar os seus protótipos e a testar eles com usuários. Se possível, teste, até mesmo, os protótipos de baixíssima fidelidade. Antes dos testes, você não sabe se aquela é a solução ideal, então não perca tempo se empenhando em criar algo que pode ser descartado no dia seguinte. Foque em testar as soluções, para que você consiga aprender com elas. O que você precisa fazer nesta etapa, é descartar soluções infrutíferas e encontrar meios para otimizar as soluções promissoras.

É bom destacar que é preciso ter muita paciência em todo o processo. Observe, na imagem do framework disponibilizado pelo Design Council, as setas azuis que citei acima. Elas mostram que o processo não é linear e que, ao final dele, você pode se deparar com novos problemas que te façam precisar voltar algumas etapas. Não se preocupe com isso. O importante é mergulhar no problema e resolvê-lo da melhor forma possível.

Outcome (resultado)

Ao final do segundo diamante, você finalmente encontra o resultado ideal. A solução escolhida se mostra validada através das pesquisas, ideações e testes que você realizou ao longo do seu trabalho.

Depois do projeto finalizado, é normal que essa solução final passe por melhorias e ajustes. Isso não significa que você tenha feito um trabalho ruim, muito pelo contrário. Você se propôs a resolver um problema e resolveu. Mas não é à toa que grandes empresas, como Amazon e Facebook, realizam pesquisas frequentes com os seus usuários. Um projeto pode ficar pronto, mas um produto, principalmente quando falamos de produtos digitais, nunca fica pronto. É importante que a sua solução amadureça, para que ela possa continuar suprindo as necessidades dos usuários e da empresa ao longo do tempo, da melhor forma possível. Faz parte de todo processo de UX.

Eu não esqueci dos design principles (princípios de design) ou do methods bank (banco de métodos), que também se encontram no framework proposto pelo Design Council. Mas eu quero manter aqui, o foco no que você precisa para entender a metodologia do Double Diamond e começar a mapear o seu projeto. Você encontra essas definições, além das que me auxiliaram na elaboração deste artigo, clicando aqui (disponível apenas em inglês).

Obrigada por ler até aqui. Vamos nos conectar no LinkedIn? Você pode me encontrar clicando aqui.

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